23.9.15

2 TAVARES + 1 AFIM: dia 01_29 de agosto.

Um dia de contratempos. Na hora e local certos.

Destino: Valladolid.

A partida para a viagem foi dada em Braga. Eram 09:00 quando nos encontrámos para o café. Confesso que estava um pouco nervoso. Talvez fosse por causa das distâncias a percorrer nos dias até chegar Barcelona (eram 400 km/dia), que implicavam mais desgaste, sobretudo para a Nuna - isto porque a pendura não se tira tanto partido...

Motos atestadas, motores ligados. It's a go!

Saímos de Braga por volta das nove e meia. Como ainda eram muitos quilómetros, fizemos autoestrada até Vila Pouca de Aguiar. Depois saltámos para a Nacional 15 até Mirandela. Parámos junto ao rio, para "baixar a temperatura". Estava mesmo muito calor. Estacionámos (legalmente) as motos. E um homem que ia sair de carro pediu-nos para afastar um pouco a moto pra conseguir sair. Claro que o fizemos. E não é que o raio do homem mete marcha atrás e embate na Idalina? Fiquei doente, com vontade de o agredir. Mandei-o embora, já enervado. Ele ainda ripostou, "que não eu não devia falar assim". Calei-me e o pai da Nuna fez o favor de acalmar as coisas, com um "Vá lá e tenha cuidado com o trânsito. Não bata neles!".

Vila Pouca de Aguiar, com sorrisos, sol e calor.

Depois disto e da água que bebemos, decidimos entrar no IP4 para chegar a Bragança e almoçar. Quase a chegar a Bragança, a Idalina lembra-se de soluçar, como se estivesse sem gasolina. Ainda andou mais um pouco até ao centro. Mas aí voltou a falhar. Aliás, nem falhou. Desligou-se.
Problema. Onde arranjar um mecânico BMW em Bragança, num sábado às 13? 

Estávamos parados frente a um café. Um homem estava cá fora, a fumar um cigarro. E pergunta se estava tudo bem. Eu disse que não, que a moto estava a falhar. Ele pede-me para esperar e faz uma chamada. Depois outra. E diz-me: "eu sou representante da Honda, mas há ali um rapaz que já trabalhou na BMW. Venha comigo que eu levo-o lá". Segui-o e fui ter à EB Motos. Entrei, parei a moto e conheci o Bruno Lopes, que tinha trabalhado 5 anos na BMW Motorrad em Espanha. Ele ligou a moto e disse "que a moto não estava com o barulho dela. Parecia estar a funcionar num cilindro". Desligou a moto e disse-me para ir comer a um restaurante mais abaixo, enquanto ele ia a casa.

Almocei sozinho. Estava em stress. Muito stress. Pensava em planos B: como voltar a Braga na moto do pai da Nuna e pegar no carro. Ou deixá-los seguir e ir buscar o carro da Nuna, que iria como carro vassoura. Pensava que a viagem que tanto significado tinha para nós não fosse acontecer. E assim quase não almocei... O Bruno chegou e tratou logo de olhar para a moto. Ver se pingava algum líquido, se o óleo e o líquido do radiador estavam bem. E estavam - eu tinha-a levado ao mecânico antes de sair.

Passo seguinte, ligá-la à máquina. Erros... Muitos erros na centralina. Eliminou-os. Um a um. Com a moto sem carenagens foi dar uma volta. Ainda não estava bem. Tira o filtro do ar. Estava em péssimo estado. Checa a bateria. Não estava ao gosto dele. Saca as velas da moto. Estavam boas. Limpou-as. Voltou a montar tudo e mais uma volta na moto. "Agora sim, está com o barulho dela". Máquina outra vez. Ainda não estava a 100%. Bateria nova, montar as carenagens. Outra volta. Ligação à máquina. "Agora sim. Agora estou satisfeito". E assim passaram quatro horas. Já podíamos estar em Valladolid.

Mas neste contratempo houve duas coisas que me "tocaram". A primeira foi descobrir que o Bruno era o pai da Bruna Lopes, uma piloto portuguesa de 12 anos apenas que está a dar cartaz no motociclismo. A segunda foi quando a Bruna diz, muito calmamente, ao ver a minha cara de felicidade quando a Idalina estava bem. Ela dispara com um "só andando de moto é que se dá valor às avarias. São histórias que ficam para serem contadas". Embasbaquei e concordei.

Encontro-me com a Nuna e o pai, que já tinham TODA A GENTE que andava pelo centro de Bragança. Arrancámos. Até Quintanilha sempre às curvas. Já era de noite quando entrámos em Espanha.

60 km depois e a Idalina volta a engasgar-se. Reduzi, acelerei e ela continuou até à bomba seguinte. Atestei-a. Apontámos para a autoestrada, já cansados… o único aspeto positivo desta parte da viagem foi a lua nova, grandiosa, a iluminar o caminho. Chegámos ao hotel eram 23:00. Era tarde e decidimos dormir.

Eu sentia-me nervoso. Não percebia como é que, tendo levado a moto ao mecânico, aquilo podia estar à acontecer. Fiquei triste, quase desesperado. Mas sobretudo chateado. O mecânico que viu a moto no Porto é, supostamente, bom no que faz.


Com todo o stress, esqueci-me de ligar o tracking do percurso. Em relação ao hotel, ficava numa zona habitacional fora do centro de Valladolid. Era o San Cristobal e não era mau para o preço. Com a vantagem de deixarem ficar as motos à porta do hotel, no meio da zona de esplanada.

1 comentário:

  1. Esqueci-me de começar a ler-te por este teu primeiro post.
    Mas Quico, tiveste alguém do teu lado que dificilmente encontrarias para te ajudar.
    Muito bom, Quico.
    Acabei pelo princípio mas valeu a leitura.
    Há mais?
    E o regresso?
    Quer ler tudo.

    Beijinho


    Lola

    ResponderEliminar