8.8.14

Falta pouco.

Os hotéis estão marcados. O percurso planeado e carregado no GPS. Começam os "preparativos finais". Malas laterais, sacos interiores, impermeáveis, uma forma de conseguirmos secar a roupa em andamento. Falta material de segurança para um de nós, ainda falta testar os intercomunicadores, fazer "testes de esforço" para ver se cabe tudo aquilo de que precisamos no espaço que temos. Falta decidir se levamos ou não o portátil, para irmos fazendo backup das fotos. Falta pouco.

Isto sim, vão ser férias.



17.6.14

Vamos aos Picos da Europa e voltamos já (5/5)

Dia 05: o regresso
O dia que toda a gente sabia que ia acontecer, mas que ninguém queria que acontecesse. O dia em que nos íamos despedir de Espanha, de todas as curvas. Estava previsto que seria um dia de autoestrada. Ao pequeno almoço decidimos que não íamos passar outra vez em Bragança.

Íamos fazer autoestrada até Verín, na fronteira com Chaves. 228 km feitos. Sem história.

Saímos antes da indicação dada pelo GPS. Ainda bem. Mais CCV durante 7 km. Almoçámos e conversámos. E saímos até Chaves pela Nacional, através de uma terra chamada Feces de Baixo (não, não é um erro). Entrámos em Portugal e "caiu-me a ficha" QUILÓMETRO 0 DA NACIONAL 2!!!!

Foto!! Calculei o caminho pela nacional 103, para não nos aborrecermos até Braga. O GPS indicava quase 2 horas até Vieira do Minho. Pois bem, foi menos. Muito menos. Até ao Alto do Rabagão eu queria que a minha moto tivesse 7 velocidades. Nem me lembro da quantidade de vezes que a tentei engatar. A sucessão de curvas rápidas, bem desenhadas, com um piso espetacular e sem trânsito era incrível. Tive pena de só colocar a Gopro a filmar depois da barragem.
Continuámos junto ao Gerês até pararmos no café onde tirámos a foto mítica de há dois anos. O café onde um dos trolhas prometeu que iria connosco até ao Algarve, se a GSX-R dele estivesse com pneus novos.
Depois disto foi fazer a nacional até Braga, entrar na autoestrada e chegar a casa.
Chegámos ao Porto por volta das 20 horas, mais coisa menos coisa.

Disclaimer:
a) O Jorge e a Inês. Eu tenho um problema com os nomes das pessoas. Não me lembro deles. Esqueço-me e confundo-os. E foi o que aconteceu. A Carla foi quase sempre chamada de Inês. E o Gonçalo de Jorge. Isto porque me faziam lembrar outras duas pessoas.

b) O cansaço. A viagem foi - por várias vezes - muito cansativa, ao ponto de julgar que continuávamos a rolar movidos graças a partes iguais de gasolina 95 octanas e adrenalina. Mérito seja dado à Carla que carregou uma mochila durante todo o tempo, sem resmungar - como seria de direito! - nem mesmo quando a Hornet teimava em levantar a roda da frente para poupar pneu. Uma pendura exemplar!

E fica o que me lembro. Obviamente que há muitas (pequenas) histórias que aconteceram, muitas gargalhadas despregadas sobre situações que inventamos. Mas a verdade é que quero voltar. A verdade é que quero ter mais tempo para explorar verdadeiramente os Picos da Europa. Ir aos sítios que não conseguimos ir, descobrir mais sítios. Fica a dica para 2015.

Vamos aos Picos da Europa e voltamos já (4/5)

Dia 04: Potes - Fuente Dé - Posada de Valdeón - León
Voltámos a ignorar o autocolante. Mas isso vem mais à frente. Este foi provavelmente o dia com as melhores curvas dos Picos. O percurso entre Potes e Riaño foi mesmo para desgastarmos as laterais dos pneus.

Depois da "Pipi Room" do pequeno almoço, fomos para a estrada. Mais curvas e contracurvas para curtir. E muito. Tanto que tivemos de parar em Potes para beber uma cerveja, que a boca estava seca de tanto esforço.
Seguimos para Fuente Dé. Escusado será dizer que mais curvas (a subir) surgiram. Bem, para poupar nos carateres, sempre que referir curvas e as respetivas contracurvas, vou escrever CCV. Até Fuente Dé foi sempre em CCV largas, bem feitas. Até chegarmos a Fuente Dé. Fuente Dé assusta. O Rui queria subir o teleférico. Ou que ele caísse para ter o exclusivo das fotos para um jornal. Acabámos por não subir. Ficámos apenas parados a ver aquele colosso natural. E a comer os "embutidos" que sobraram da noite anterior.

Descemos até Potes. Como estávamos com fome, combinámos almoçar na primeira terrinha que aparecesse. Parámos, mas foi o Rui e a Inês que encontraram o tasco com uma esplanada num jardim sombreado por frondoso arvoredo. Pelo menos parecia ser um jardim… a entrada era encimada por uma placa em que se podia ler: “El curral”.

Ficámos uma hora e meia a almoçar, a comentar o dia anterior e o pouco que tínhamos feito desse dia. Eu propus ignorarmos a Posada de Valdeón. Eu pensava que ainda tínhamos autoestrada (e a respetiva seca que representa) para fazer. Foi uma decisão difícil, mas alguém tinha de a tomar.

E "'bora lá fazer caminho". Começámos a subir em estrada de montanha. Mais uma vez, muitas CCV para curtir. Foram as melhores CCV em Espanha, porra. E o Rui filmou só a parte final. Tenho a dizer que foram para aí 20 minutos em que a moto levantava de uma curva e se deitava na seguinte. FOI LINDO, ÉPICO, MARAVILHOSO. E eu não gosto de adjetivos. Catalogámos a estátua do cervo. Apreciámos a paisagem. Ligámos as motos. Seguimos caminho. CCV, CCV, CCV, CCV, CCV. Até chegarmos à placa que indica os Picos da Europa. Mais uma tagada. ;)

Seguimos até Riaño, para nos despedirmos do carrossel que são os Picos. Eu contava com 20 km de curvas (as mesmas do segundo dia, depois de sairmos da autoestrada) e depois autoestrada até León. Comentava que seria bem porreiro fazermos nacional a 100 km/h, coisa impossível em Espanha. Pensava eu. Foi meia hora de nacionais, com algumas curvas à mistura, até que fomos obrigado a entrar na autoestrada. Felizmente foi curta.

Chegámos ao hotel.
León estava prevista com a cidade "para curtir e beber umas cañas". Como se não tivéssemos feito isso nos dias anteriores. ;)
León tem uma particularidade. Há dois bairros (o húmedo e romântico) em que, se pedires uma cerveja, oferecem-te de comer umas tapitas. E assim o fizemos. Em 5 ou 6 bares diferentes. Mas acho que o sítio onde fomos mais felizes foi no (bar) Bacanal.

A noite foi pródiga em piadas e histórias, ao ponto de me descair e contar a todos que a minha bebida favorita é gin Bosford quente misturado com whisky. (Obviamente que isto foi o que toda a gente percebeu. A verdade é que só bebo água com gás.)





Vamos aos Picos da Europa e voltamos já (3/5)





Dia 03: Oseja de Sajambre - Cangas de Onís - Carreña - Torre de Cerredo - Tresviso - Panes
Este foi o primeiro dia em que ignorámos (eu ignorei) o percurso que tínhamos planeado. O percurso oficial foi este: Oseja de Sajambre - Cangas de Onís - Covadonga - Lago Ercina - Panes

A pergunta é: porquê?
A resposta é simples: porque sim, porque nos deixámos levar pela estrada, porque eu me tinha esquecido de incluir Covadonga e os seus lagos. E porque podíamos.

Eram 10 da manhã quando o Rui entra no nosso quarto e pergunta se já estávamos prontos. Devia estar a tentar compensar a espera de uma hora e tal do primeiro dia. Estávamos quase. Demorámos mais dois minutos.

Depois de pagarmos o hotel e já com as motos preparadas, conhecemos o Djik. Djik é um holandês, na casa dos 60 anos. Tinha reservado 4 semanas para andar de moto. No dia anterior tinha saído de Lisboa, passado pelo Porto, etc. 12 horas de moto. Sim, 12 horas. A moto dele tinha tudo: tenda, saco cama, roupa e comida. Mas não era um daqueles cavaleiros do asfalto porcos. Era um senhor respeitável, com um inglês muito bom e muito boa disposição. A certa altura alguém perguntou se a esposa não andava com ele. A resposta foi a clássica:
"- Não. Ela não gosta de dar cabo do cabelo e das unhas. Por isso é que tenho estas 4 semanas para andar de moto e depois vou uma semana com ela, de autocaravana".
Falhámos ao não tirar uma fotografia com ele, porra!

Entretanto um tuga montado numa colossal KTM 990 ouviu-nos falar em ir à farmácia ali ao lado comprar algo para a constipação da Inês (a ver se ela se livrava do que tinha trazido a mais. Afinal de contas, a moto do Rui não tem capacidade para levar muita coisa e a mochila que ela, valentemente, carregou durante toda a viagem estava a abarrotar). Sabendo que era domingo - por esta altura já tínhamos perdido a noção do dia da semana - desenrascou-nos com paracetamol e ibuprofeno. Era um bom tipo. Podia ter comprado uma GSA mas preferiu a 990. Às tantas, se tivesse a GSA, não tinha sido tão prestável.

Às 11 horas já tínhamos as motos atestadas e estávamos sentados para o pequeno almoço. Seria este o dia de passagem por Cangas de Onís, um dos sítios badalados desta zona. Até lá íamos passar no Desfiladero de los Beyos. Esta zona é incrível. Várias mãos cheias de curvas, uma estrada impecável e muitas aldeias típicas a ladear a estrada. E motos a cruzarem-se connosco. E toda a gente se cumprimentava, exceto alguns paneleiros portugueses, quase todos de GSA, os cabrões.

Parámos a meio da estrada do desfiladeiro para tirar uma fotos. A esta altura já estava calor. Tanto que fomos "obrigados" a tirar os forros dos casacos. Isto depois de pensarmos que ia ser um dia de chuva.
Antes de sairmos apareceu um conhecido meu. Parou e estivemos a falar. Sugeriu irmos aos lagos de Covadonga. Que a zona era mesmo maravilhosa, que parecia um wallpaper de computador.
E lá fomos. Parámos à entrada de Cangas de Onís para marcar o pilar. E passámos pela localidade sem parar. Tinha gente, muita gente nas ruas. Parecia a Apúlia em agosto.
Continuámos até Covadonga, onde almoçámos durante duas horas. Fotografámos a Catedral, a igreja "cravada" na rocha e depois siga para o Lago Ercina. A subida é íngreme, apertada e tem muitos carros. Ultrapassar é difícil, mas possível. E quando se começa a ladear outra parte da montanha temos a vista... é impressionante.



A esta altura, a Catedral de Covadonga é um pontinho na fotos. De um lado temos muito sol, do outro um pico com neve. Era para lá que íamos. No caminho vemos muitas pastagens. Vacas e ovelhas passeiam alegremente nos prados, nas estradas e nas rochas. Aquilo é mesmo delas. Até a estrada.

E chegámos ao lago Ercina. E o meu conhecido tinha razão. É digno de wallpaper. Bebemos uma coisita fresca e seguimos o Rui e a Inês para a "pradaria". Era um relvado ENORME, com o lago em frente e os picos com neve em fundo. Deitámo-nos na relva a ouvir os ritmos dos badalos das vacas. Acho até que um de nós adormeceu. Ficámos a apreciar a paisagem e o som para aí uma hora. Era um dos pontos altos da viagem. Descemos até Covadonga outra vez e virámos em direção a Panes. E aqui apareceu um parque de diversões de curvas. Rápidas, bem feitas, num piso irrepreensível. Nota negativa apenas para a mosca mal-cheirosa que decidiu terminar a sua vida no meu capacete.


Encontrámos o hotel, preparámo-nos para jantar e saímos para comer. Mas não sem antes o Jorge explicar aos donos do hotel que chegaríamos depois das 00:30. Em português. Foi maravilhosa ver a cara deles a olhar para o Jorge, sem perceberem puto. E reparar no olhar do Jorge a chamar-me, enquanto descia as escadas para a receção.
Fomos a um tasco pelo qual tínhamos passado antes. Uma tábua de queijos e enchidos, umas "flechas" (Jorge, és o maior), cañas a rolar e conversas pelo meio. Foi nesta altura que a Inês contou como ela e o Rui se conheceram (se quiserem saber, perguntem-lhes, que eu não revelo nada). Também foi no meio desta conversa que o Rui falou das suas habilidades em saltos de bicicleta inacabados e como se consegue ajoelhar, depois de cair de moto.
Era domingo e perguntámos se existia algum sítio para bebermos mais umas cervejas. Pé ante pé e fomos dar a um café só com pessoal mais velho a ver fórmula 1 (não, não era o Rui a fazer estrada).

Mas antes tivemos outro momento grande, quando os três elementos masculinos foram brincar para os baloiços e para o escorrega. As fotografias foram todas apagadas. É pena, porque o Rui voltou a demonstrar o modo como se deve sacar numa moto e fazer "paradinhas". Mas eu acho que o Jorge estava a fazer melhor. Pelo menos no estilo.

E assim terminava este dia. Pessoalmente, estava extasiado. Tínhamos percorrido estradas fabulosas, conhecido sítios quase mágicos. Estava feliz. E apesar das dores de rabo, era capaz de fazer isto para sempre. :)

Vamos aos Picos da Europa e voltamos já (2/5)

Dia 02: Lago Sanabria - Riaño - Boca de Huérgano
Saímos do Parque, já com o pequeno almoço tomado, por volta das 11:30. O objetivo era passar no Lago Sanabria, em direção a Boca de Huérgano.
Furámos o Parque do Montesinho pela N-103-7, num desenrolar de curvas bem engraçado. Chegámos a passar por França. Sim, que nós gostamos de ir pelo sítio mais longe para chegar aonde queremos.
Em Puebla de Sanabria resolvemos dar uma volta a pé pela localidade e tirar umas fotos. Enquanto isso, o Gonçalo e o Rui iam contando algumas histórias da zona onde vivem (Rio Mau).

Resolvemos que íamos comer alguma coisa por ali. Fomos ao tasco que pareceu ter mais gente e pedimos um desenrolar de tapas. Depois de comermos, e enquanto fumávamos o nosso cigarro, três portugueses estavam a sair do restaurante. Metemos conversa.
"- Para onde vão?"
"- Ainda não sabemos muito bem. Temos umas ideias de onde queremos ir, mas não é nada certo".
"- E fazem sempre isso?"
"- Sim, desde há 20 anos que saímos de casa, metemo-nos nas motos e vamos andando com as coisas mais ou menos planeadas. Mas agora vamos para aquele lado, que parece que está sol".
E ficámos malucos. Aqueles três homens, todos eles com bastante mais de 50 anos, tinham o verdadeiro espírito de aventura. Uma grande lição, sim senhor.

Lago Sanabria era o ponto seguinte. Lá fomos nós, a curtir umas curvas, sempre com o rio como companhia. Bem bonito. Chegámos ao Lago, apreciamos um bocado a vista. A temperatura estava pouco convidativa a banhos. E como o sol era fraco, também não dava para fazer praia. Acho que só pensávamos em aproximarmo-nos dos Picos da Europa. E como era isso que queríamos, assim o fizemos.
Seguimos caminho sem tirar do saco os calções de banho, transportados a pensar na água cristalina de Sanabria.

Na autoestrada não foi a chuva, mas o vento a "abençoar-nos" o caminho.
Parámos numa estação de serviço que, naquela altura, assistia a uma concentração de asiáticos (coreanos?). Dançavam, cantavam e houve um deles que parecia interessado na minha moto. Ao ponto de eu pensar que ele se ia sentar nela e arrancar. Durante as danças que se faziam, alguém exclamou "Bem, com 50 e aquela elasticidade, sim senhora..."

E continuámos. Saímos da autoestrada e as nacionais eram, finalmente, o trajeto. Para não termos surpresas desagradáveis reduzíamos sempre para os 50 km/h nas localidades. Logo a seguir, subíamos para velocidades mais engraçadas. E foi em Cistierna que começámos a sentir que esta era "a viagem". As escarpas começavam a fazer parte da paisagem, bem como as curvas. Passámos por uma barragem, que ativou o "modo Picos". Sim, eram curvas de montanha, com uma paisagem incrível, aqueles ferros que nos dizem que há neve no inverno, por aquelas paragens. E continuámos. Tenho a certeza que todos nós levavam um sorriso de orelha a orelha (não sei se a Inês levava o mesmo sorriso, confesso. Até porque estava adoentada e, convenhamos, era o Rui a levar a moto).
A certa altura parei. Estava eu e o Gonçalo... mas e o Rui e a Inês?

Era uma reta depois daquelas curvas maravilhosas. Acendemos um cigarro, esperámos, esperámos... o Gonçalo tenta ligar para o Rui, sem sucesso. Esperámos mais um pouco. E é num silêncio ensurdecedor que ouvimos aquilo que poderia ser um fórmula um: acelerações, trocas de caixa, mais acelerações, rotação "lá em cima". E vemos a moto do Rui a descer, até nós. Vinha depressa. E mesmo à nossa frente para a moto em slide e com o pneu de trás aos saltos, a tentar agarrar-se ao alcatrão: ta-ta-ta-ta-ta… sempre com estilo, claro! “Ficamos a saber que a Hornet tem ABS”, disse o Jorge. E soubemos depois que a Inês sabia gritar muito alto quando andava de moto. Mas nós não ouvimos nada.

Continuámos até Riaño. No caminho ultrapassámos umas vinte vespas. Era um Grupo de Vila do Conde que ia a Itália, à concentração mundial de Vespas. A chegada a Riaño fez-me lembrar a viagem do ano passado quando, em pleno Alentejo passámos uma ponte enorme sobre a Albufeira do Alqueva. E continuámos em curva e contracurva até Boca de Huérgano.

Foi um ótimo dia. Depois daquelas retas e da velocidade da autoestrada recebemos aquele "rebuçado" de muitas curvas, de montes de motos a passar por nós, das fotos em cima de um fardo de palha, junto à estrada. Era mágico.

Como não queríamos pegar nas motos, tapeámos pelo hotel. Houve uma besta (eu) que pediu sidra. Um olhar mortífero e uma resposta seca fez com que me apercebesse que não era aquele o sítio dela. Para ajudar à festa outra pessoa pediu pimentos de Padrón. Recebeu a mesma resposta que eu.

Umas cervejas depois estávamos a jogar uma espécie de jogo de copas, com regras de UNO, pesca e sueca. E enquanto o Jorge e o Rui discutiam as regras, a Inês assoava o nariz compulsivamente e tomava mais umas drogas contra a constipação que tinha trazido de casa (as mulheres trazem sempre coisas a mais, todos sabemos).

Vamos aos Picos da Europa e voltamos já (1/5)

A verdade é que já estava à espera desta viagem há algum tempo. A verdade é que queria ter mais tempo para "entrar em mais sítios" dos Picos da Europa. A verdade é que gostaria de repetir esta viagem. De preferência com pendura.




Dia 01: Porto - Bragança
17:30. Foi a hora que marcámos para o encontro. Seria frente ao Bar Praça (na Praça Filipa de Lencastre). Cheguei 5 minutos mais cedo. Estava ansioso. Desde as 10 da manhã. Queria pôr-me na moto e rolar e ver paisagens, curtir curvas, comer, "curtir" com as pessoas que ia rolar comigo: o Gonçalo (Jorge), o Rui e a Carla (Inês).
17:30. Pedi um fino e acendi um cigarro. Estava sozinho. 10 minutos depois chega o Gonçalo. Pediu um fino. Fomos bebendo, contando histórias, antevendo (mais ou menos) o que estaria para vir.
"- O Rui? Não será melhor ligar?"
"- Ele diz que chega daqui a 10 minutos"
"- Sendo assim, é melhor pedirmos o segundo fino"
"- Gonçalo, não bebo mais, pá. Quero estar seguro na estrada e tal."
Continuámos a falar. Acabei por pedir outro fino. A meio do fino chega o Rui.
"- Pessoal, estou com fome, vamos comer qualquer coisa"
Siga! Tasca da "Badalhoca" na Rua da Picaria. Sandes de rojão e uma cerveja. Cigarro, piadas, e afirmações absolutas.
"- Estou ansioso por esta viagem, vai ser épica!".

Motos, Autoestrada. Caminho sem história. Marão (IP4). Gonçalo à frente, a cortar nevoeiro com uma destreza e velocidade que me deixaram de boca aberta. A esta altura já os fatos de chuva estavam vestidos. Parámos mais à frente. Cigarro e "Será que vai chover?". Seguimos. Começou a chover. Muito, demais. Pequena paragem "Pá, estou com pouca gasolina". Siga para um posto de abastecimento. Chegada a Bragança às 22:30. Abastecimento. Idalina bate recordes.

"Bem, temos de arranjar um restaurante". Chegámos a um, que estava quase a fechar. Comemos 4 postas e bebemos duas garrafas de vinho. O Gonçalo negoceia uma para levarmos mais uma para o bungalow e mete conversa com o dono do restaurante sobre as consequências da política centralista do governo, da interioridade, emigração, regionalização... conversa de circunstância: para um comuna.
Saímos quando o Rui assim o permitiu - após a obrigatória sobremesa. Tinha parado de chover. "Fixe", pensámos nós. No caminho para o Parque de Campismo, alguém se lembrou de voltar a abrir a torneira lá no céu. E molhámo-nos. Muito. Mas o que interessa é o Rui comeu a sua mousse de chocolate!

No Parque de Campismo valeu a disponibilidade do rapaz que lá estava. Deixou-nos entrar com as motos, por um caminho de terra batida, até ao bungalow. Como havia aquecedores, as botas e luvas foram todas para junto dele para secar.
Ficámos na conversa até às 4 da manhã, enquanto íamos vendo o jogo de Portugal. Sem o sabermos - porque a noite estava escura como breu - um motard (holandês?) dormia ali ao lado, na sua tenda de campismo.



23.5.14

Parece que é desta (Picos da Europa preview)

E mais uma viagem. Finalmente a (não) viagem do ano passado. (mais aqui)

Decidimos fazer o planeamento mais em cima do acontecimento. Cerca de dois meses antes. Sabia que o Rui estava ansioso por fazer a viagem. Tanto que, mesmo depois de ser operado, queria participar no MOTOS AO CENTRO (é verdade, não escrevi sobre isso), só para podermos falar da ida aos Picos da Europa.

Seja como for, as reservas de hotel foram feitas, o percurso foi traçado em cima de uma viagem (documentada) de alguém que já tinha ido aos Picos da Europa. Era completo, bastante completo, até. Tão completo que sugeria sítios a percorrer a pé, coisa que, parece-me, não vamos fazer. Outra coisa interessante referida: a falta de postos de abastecimento. Uma coisa que temos de ter em atenção durante o caminho.

Bem, sabíamos que poderiam ser 6 as motos a alinhar. Mas sabíamos também que não deveria ser bem assim. Na altura em que as reservas foram feitas estavam alinhadas duas motos. Logo se juntou mais uma pessoa a nós. Um amigo do Rui, o Gonçalo, que assim passou a fazer parte do nosso grupo restrito, fechado e secreto no Facebook, onde só se entra depois de uma prova de fogo.

Ou seja, estamos 3 motos (F650GS, Hornet e uma GS500) e quatro pessoas. Sim, o Rui vai levar pendura (tiro-lhe o meu chapéu).

E assim ficamos a duas semanas de arranque. Está na altura de preparar a minha moto. Ainda falta montar os suportes, as malas... está quase! :D

16.3.14

Porto - Fornos de Ledra - Valpaços - Vila Pouca de Aguiar - Fafe - Guimarães - Porto

Foi na terça que mandei o desafio de passar um fim de semana fora de casa. A ideia era sair no sábado de tarde, passar a noite fora e voltar no domingo. Levava-se o saco cama e a tenda, percorria-se nacionais e chegava-se a um sítio diferente, onde se comeria.

O primeiro objetivo era Espanha. Mas depois o Eduardo lançou outra sugestão: Fornos de Ledra, no interior norte de Portugal, na zona de Bragança. A convocatória foi para vários, mas só eu e o Eduardo comparecemos a jogo.


Marcamos encontro para sábado, às 14:30. Saímos era 14:45, mais coisa menos coisa.
Como já não era cedo, fomos pela A4 até Amarante. Depois foi seguir o IP4 onde paramos para um cigarro e apreciar a paisagem à volta.


Depois seguimos até Mirandela, onde o Eduardo se lembrou de parar num parque. Aí aproveitamos para repor energias.
 

Depois foi seguir a nacional até Torre Dona Chama. Cerca de 30/40 km de curvinhas e vistas de montanha. Priceless. 

(Infelizmente não há muitos registos desta parte. As pilhas da Gopro falharam e a minha máquina fotográfica decidiu avariar)

Passamos na Torre Dona Chama e fomos a Fornos de Ledra. Estava prometida uma alheira fabulosa. Mas já aí vou. Antes fomos pôr a moto 4 a funcionar e assentar arraiais. Como no campo se janta cedo, eram 19:30 quando estávamos a entrar no restaurante. E lá vieram as duas alheiras, com grelos e batata frita. Mas antes um queijo e umas azeitonas para acompanhar a cerveja. Depois chegou a promessa. Bem, muito boa é dizer pouco. Eu, que não sou dado a adjetivos, fartei-me de os dizer. 

Depois foram os 6 km de volta a Fornos de Ledra, onde acabamos com o vinho que tinha sobrado.

Fazendo as contas do dia, foram 200 km, em que a minha fez uma média inferior a 4 l/100 km. E a do Eduardo mais do que isso.

 Chegou a manhã e mais sol. Estavam cerca de 20 ºC. Como queríamos fazer estrada nacional, decidimos que íamos sair mais cedo. Eram 11 quando saímos de casa para tomar um café em Torre Dona Chama. Daí íamos em direção a Valpaços, Vila Pouca de Aguiar, Fafe e Guimarães.

A estrada era uma coisa fabulosa. Curva, contracurva, curva, contracurva, and so on, and so on. Indescritível. E passámos nesta ponte, com um rio de uma água límpida, onde não se ouve nada. E com um parque de campismo bem engraçado ao lado.
 De um lado era o que se via.

 O outro lado também era rio.

E por cima estavam duas motos.


E fomos nós em direção às curvas :)
(depois vou colocar os vídeos)
 
E chegámos a Aguiar da Beira. Devemos ter passado mais de 30 segundos à procura de um restaurante. E fomos a este. Vitela assada a sair, um jarro de vinho e café. No final, assaltamos a senhora. Pagámos SÓ 16 euros (pelos dois).

Depois foi voltar às curvas, que era preciso embalar a vitela. Como estava calor (23 ºC), parámos para beber um pouco de água e apreciar as vistas desafogadas.
Gostava de ter uma câmara dentro do capacete só para filmar o sorriso de orelha a orelha. Só se via montanha, verde, socalcos, ovelhas... à frente eram só curvas. Umas a seguir às outras, sem parar. :D


E chegámos a Guimarães. Estava calor. Muito calor. Um trânsito incrível, enlatados que não nos deixavam passar... Foi um martírio chegarmos até à esplanada. Mas conseguimos. Curamos a sede e cada um seguiu o seu caminho. O Eduardo para o Porto, eu para outro lado, que tinha uma visita a fazer.

No final, eu fiz 424 e o Eduardo 450 km. E acho que em breve vamos repetir.