28.9.15

2 TAVARES + 1 AFIM: dia 02_30 de agosto.

Depois da tempestade, vem a bonança.

Cansados do dia anterior, decidimos dormir um pouco mais. Acordei ainda um pouco cansado, mas menos stressado com o possível estado da moto. Sabia que, a partir de agora, ou fazia a viagem toda com a Idalina ou rebentava o orçamento, alugando outra para chegar até Nantes.


Não saímos cedo, mas não queríamos deixar de fazer nacionais (até porque em Espanha elas são um pouco mais rápidas do que em Portugal). Seguimos viagem pela N122, entre muitas retas, sem grande coisa para ver ou contar. Quando a estrada começou a curvar-se parecia que tudo estava a correr melhor. Já ia em cerca de 120 km nesse dia e a moto não se estava a queixar de nada. 

Começámos a "deitar-nos" nas curvas. Estávamos relativamente perto de Soria. Eu ia mais contente, até porque gosto de curvar. E de repente o sorriso caiu. A moto estava a soluçar outra vez. "Merda!", pensei eu, "isto não pode estar a acontecer". Parei, a Nuna passou para a moto do pai e eu tentei continuar o caminho.

Ela ora andava bem, ora começava a soluçar outra vez. Como estava sozinho, ia em pé, abanando a moto (não sei porquê, mas parecia-me a coisa mais lógica a fazer). Até que, numa descida, ela desligou-se. Completamente. O motor recusava-se a ligar. Deixei-me ir, até porque havia uma bomba de gasolina mais à frente. Atestei-a. 

Sem chumbo 98. 

Paguei, tirei a moto da bomba e acendi um cigarro, para tentar esquecer (mais) aquele episódio. Nesta altura reuníamos e decidimos ir até Soria. Almoçaríamos aí e depois logo se via o que fazer.

A medo, liguei a moto. Impecável. Pegou à primeira. A Nuna saltou para pendura e seguimos caminho até Soria. Aí parámos para almoçar. Como ao domingo o comércio é reduzido, decidimos procurar um restaurante. E fomos dar com uma pequena praça, cheia de esplanadas e de pessoas na rua. Seriam 14:00 quando começámos a comer. Eu ia cheio de pica para tapas, claro. Pedimos enquanto conversávamos sobre o dia anterior, de como se ia resolver e de como tínhamos a certeza que a viagem ia correr bem.

Quando as tapas chegaram, quase não comi. Não sei como nem porquê, mas sentia um aperto no estômago. Não sei se do que tinha acontecido de manhã ou no dia anterior. Mas eu não estava bem. Saímos de Soria em direção a Saragoça. Como queríamos chegar cedo, optámos pela autovia. Mais uma vez, foi andar, andar, andar, andar até ter sede. Decidi parar para beber um pouco de água. 

Descansei um pouco. Fui checar o GPS, para ver quanto tempo faltava para chegarmos a Saragoça. Cerca de 130 km. Voltámos à autopista e seguimos até Saragoça. Nestes 130 km passou muita coisa pela cabeça: os problemas da moto, os planos B em que pensei, o facto de querer fazer MESMO esta viagem. E nisto chegávamos a Saragoça. Encontrado o hotel, reparámos que é comum haver lugares para as motos no meio da estrada. Sim. Há duas faixas para os carros, duas faixas para bicicletas e os lugares das motos ficam entre as duas. Seja. Estacionámos, subimos ao hotel (que ficava a menos de 1 km do centro), tomámos banho e saímos.

Motos estacionadas e seguras e lá fomos explorar a cidade. Saragoça é a quinta maior cidade espanhola. A parte antiga, por onde andámos, fez-me lembrar Madrid, mas mais pequena e com muito menos gente.

À esquerda, a ciclovia. No meio o estacionamento. À direita, a circulação dos carros.

Os Tavares, contentes por estarem (finalmente) a andar a pé.

Alguém foi descalço para casa...

Chegámos a uma praça GIGANTE. Aí ficava uma das construções emblemáticas (digo eu) de Saragoça. A Basílica de Nossa Senhora do Pilar, cuja construção terminou em 1515. É impressionante o tamanho, por fora e por dentro. 
Um facto "engraçado" é que a basílica funciona como se de uma igreja normal se tratasse. Há missa a decorrer enquanto as pessoas visitam o edifício.

A foto é noturna, para se perceberem melhor os telhados coloridos.

Um pormenor da fachada.

A Basílica, vista do lado da ponte que liga a parte antiga e a nova.

Depois da basílica, ainda vimos a catedral. Por fora. Primeiro porque cobravam bilhete para entrar. E pensámos que depois da monumentalidade da Basílica, pagar para ver uma catedral "minúscula" não faria sentido. Assim, decidimos andar pela praça e tirar fotos ao "espelho de água", que reflete a hispaniedade no mundo. Depois passámos por umas ruínas romanas.

A Catedral. Minúscula, em comparação com a Basílica.

O tal "espelho de água".

Daí partimos para as "calles". A fome começava a aparecer e sabíamos que em Saragoça iríamos comer boas tapas. Optámos por um sítio com "tapas modernas". A decoração era dupla. De um lado, mesas e cadeiras de madeira, "à antiga". Do outro, bidões de óleo (aqueles de 200 litros) a fazer de mesa e cadeiras altas. E comemos bem. Tempura negra de bacalhau, o belo do jamón, umas bravas e cerveja a acompanhar.

Voltámos à praça. Como estava calor, deixámo-nos ficar a ver as luzes a ligarem-se na noite. Descansámos do jantar e depois decidimos dormir. 
Estávamos já mesmo "dentro" de Espanha. Aliás, estávamos mais perto de um dos primeiros "marcos" da viagem: Barcelona.

Mas isso será para o próximo capítulo.


Ficámos no Hostal Cataluña. Leva nota positiva pela localização e preço. Sim, os dois são bons. Mas o resto fica aquém. Os quartos são limpos, mas a precisarem de uma reforma/arranjo em alguns pormenores. O wi-fi vai funcionando e os corredores são um pouco assustadores. Mas dormiu-se bem e isso é o que interessa.

1 comentário:

  1. Adorei!
    E este comentário vai com endereço de blog que tenho mas raramente lá vou.
    Beijinho
    Lola, a tua tia.

    ResponderEliminar