29.6.15

Repicos: o regresso aos Picos da Europa. pt_6

14 de junho
Ponferrada - Porto
O dia que ninguém queria.
Fotos de Rui Oliveira

O último dia. Fico sempre stressado com o dia de regresso porque sei que vai acabar a diversão diária, porque vou voltar à rotina, porque queria continuar a descobrir sítios e gritar "WOW" a plenos pulmões dentro do capacete.

Apesar de ser o dia de regresso a casa, queríamos fazer uma última visita turística. Fomos às Médulas, que se revelaram um sítio que impressiona ao olhar. Terra vermelha, em altura e um verde a rodear o vermelho. Muito bonito. 
As Médulas, segundo li, eram uma exploração mineira do tempo dos romanos, que utilizavam a água para desbastar a montanha, e chegar ao ouro.

Como tínhamos pouco tempo, subimos ao miradouro, para apreciar as Médulas de cima e tirar umas fotos. A esta altura ainda estávamos convencidos que íamos almoçar uma posta em Ponte da Barca.

Uma panorâmica das Médulas.

O caminho das Médulas até Ourense foi corrido. Corrido porque pouco parámos, corrido porque a chuva "obrigáva-nos" a seguir sempre caminho, numa tentativa frustrada de fugir dela. Primeiro caiu forte, depois foi parando, mas esteve sempre connosco até à entrada de Ourense. Decidimos que íamos almoçar aqui, até porque já eram 14 horas. Comemos um bocadillo, atualizámos as fotos.

E o céu transforma-se. Escuro, a prometer chuva forte. Ainda faltavam uns quilómetros até chegar a Portugal (não sei porquê, mas achámos que passar a fronteira seria sinónimo de casa, de conforto e de sol). Foi mais ou menos a essa hora que olhámos a fundo para o pneu da moto do Rui… já tinha dado sinais de entrar nas lonas a caminho das Médulas. Mas em Ourense começámos a duvidar (mais eu) da possibilidade de ele conseguir chegar a Portugal.

O pneu da moto do Rui, a saída de Ponferrada.

Saímos de Ourense e seguimos a nacional, com umas curvas bem interessantes, que nos iam levar até Portugal. Chovia. Em alguns pontos chovia muito e estava frio. 

A 40 km da fronteira, mais um tyre alert. Aquilo estava a ficar mesmo mau. Ao ponto de a primeira lona já estar a dar de si. Lembro-me perfeitamente de ver o Rui a tirar bocados da lona. “Medo”, pensei eu.

Conseguimos chegar à fronteira de Portugal. Saltámos, celebrámos. O pneu estava em casa! E como o tempo tinha melhorado, estávamos mais animados. 
Dali foi seguir as curvinhas até Ponte da Barca. Eu a divertir-me, a deitar a moto nas curvas. O Rui nem tanto. Seguia atrás de mim, a segurar a moto, que fugia a cada curva. 

Portugal! Repare-se no pneu da Hornet.

Optámos por seguir a autoestrada até ao Porto, em vez da Nacional até Braga. Confesso que foi a altura da viagem em que rolei com mais tensão. Pensava o que aconteceria se o pneu rebentasse, se chegaria ao Porto… mas não. Passámos Braga, Famalicão, Santo Tirso e, de cada vez que olhava pelo espelho, constatava que o Rui ainda rolava. Devagar, mas rolava.

Quando passámos a portagem da Maia, foi o descarregar. O pneu tinha aguentado e estava em casa.

O que faltou na viagem? Nada. Tivemos de tudo. Frio, chuva, calor e sol. Foi muito bom entrar mais dentro dos Picos da Europa. Gostava de ter ficado mais dias e de ter melhor tempo, para poder mergulhar nos lagos, ou descobrir mais lugarejos no interior. Ficará para a próxima.

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